O estudo aprofundado da fisiologia e dos mecanismos regulatórios dos microrganismos depende da capacidade de isolá-los de seus ecossistemas naturais para análise em laboratório. Esse processo permite investigar suas características em condições controladas, mas também pode resultar em mudanças significativas em seu comportamento.
Na natureza, os microrganismos crescem em ambientes variados, sujeitos a fatores como temperatura, umidade, presença de nutrientes e exposição a substâncias antimicrobianas. Essas condições fazem com que se organizem em comunidades multicelulares, formando biofilmes que oferecem maior proteção contra agentes externos. Essa estrutura possibilita a comunicação entre células por meio do quorum sensing, mecanismo que regula processos como a formação de esporos, produção de bacteriocinas e síntese de pigmentos.
O isolamento e cultivo em laboratório fornecem um ambiente favorável, onde esses organismos se desenvolvem sem as pressões naturais. Como consequência, alguns mecanismos de defesa podem ser reduzidos ou até desativados, tornando os microrganismos diferentes daqueles encontrados em seu habitat original. Essa adaptação influencia estudos microbiológicos e pode gerar interpretações distintas sobre resistência antimicrobiana e comportamento celular.
Um exemplo clássico é a bactéria Pseudomonas aeruginosa, que na natureza forma biofilmes altamente organizados e resistentes a antimicrobianos. No entanto, em laboratório, seu comportamento pode ser diferente, com menor ativação desses mecanismos de proteção. Esse fenômeno destaca a importância de considerar variações ambientais ao estudar microrganismos.
Para tornar os testes microbiológicos mais representativos, utiliza-se o conceito de cepas “in-house”, que são isoladas diretamente de ambientes ou produtos específicos. Essas cepas permitem análises mais próximas da realidade, especialmente em estudos de resistência antimicrobiana.
A inclusão dessas cepas em testes microbiológicos, como o Challenge test, contribui para a obtenção de resultados mais precisos, reduzindo discrepâncias entre os estudos laboratoriais e o comportamento real dos microrganismos.
A informação foi publicada originalmente por Silvio Ariel Maurutto, Gerente de Marketing de Produtos Antimicrobianos e Conservantes, em seu perfil no LinkedIn.